O Dia Mundial de Luta Contra a Aids é comemorado em 1º de dezembro. Por isso, desde que a data foi estabelecida no Brasil, em 1987, para reforçar a solidariedade, a tolerância e a compreensão com os portadores da doença, ocorre aqui o chamado Dezembro Vermelho. É também neste mês que é promovida a Campanha Nacional de Prevenção ao HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
A iniciativa tem, ainda, outra importante função: chamar a atenção para a transmissão dessas infecções, que, em muitos casos, podem ocorrer sem a presença de sintomas. Segundo estimado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há mais de um milhão de casos de ISTs por dia em todo o planeta. Por ano, há registro de aproximadamente 357 milhões de novas infecções sexualmente transmissíveis, entre HPV, Clamídia, Gonorreia, Sífilis e Tricomoníase.
Para diminuir esses números alarmantes, é essencial educar a população, que deve estar ciente dos riscos reais de manter relações sexuais desprotegidas e com múltiplos parceiros. “É importante um sistema público de saúde de fácil acesso e um sistema complementar ágil e eficiente para diagnosticar e tratar os infectados, impedindo a disseminação das doenças. Nos casos da infecção pelo HPV e pelo vírus da hepatite B, por exemplo, temos imunizantes disponíveis, que fazem parte do calendário vacinal. Ainda, é fundamental mantermos as campanhas de orientação sobre o uso do preservativo”, afirma a ginecologista do Instituto Orizonti, Dra. Maria de Fátima Dias de Sousa Brito.
Aumento de casos
Uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traz importante dados referentes aos hábitos da população. Módulos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 apontam que aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de IST ao longo do ano, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos de idade ou mais. A pesquisa traz ainda outro dado: entre os indivíduos com 18 anos ou mais de idade que tiveram relação sexual nos 12 meses anteriores à data da entrevista, apenas 22,8% (ou 26,6 milhões de pessoas) usaram preservativo em todas as relações sexuais. Cerca de 17% dos entrevistados afirmaram usar às vezes e 59%, que não usam nunca.
Sendo assim, as ISTs estão entre os problemas de saúde de maior impacto sobre os sistemas públicos e sobre a qualidade de vida das pessoas no Brasil e no mundo. “O sexo sem proteção é o principal responsável por esse cenário. Mesmo com campanhas de conscientização e os alertas dos médicos, apenas pouco mais da metade dos jovens entre 15 e 24 anos usa preservativo na relação com parceiros eventuais. Por isso, doenças como a Sífilis, que é fácil de tratar, têm respondido por uma verdadeira explosão de casos, não só pela falta de diagnóstico, mas também pelo não tratamento dos parceiros e pelo tratamento inadequado das gestantes”, avalia Dra. Fátima.
E, atenção, mulheres: cada IST possui tratamento específico e, caso ele não seja feito corretamente, as doenças podem gerar outros malefícios à saúde feminina, como deformidades genitais, dores pélvicas crônicas, infertilidade, dor durante a relação sexual, cirrose e câncer. Em casos mais graves, o quadro pode levar à morte. “Somente na visita regular, pelo menos anual, ao ginecologista será possível realizar o diagnóstico precoce dessas infecções, que podem estar em curso muitas vezes de forma bem reduzida ou até mesmo assintomática”, enfatiza a ginecologista.
Dados do Ministério da Saúde mostram que a população entre 25 e 39 anos é a mais suscetível a contrair as enfermidades transmitidas pelo sexo. Portanto, é importante investir na informação, desde a educação escolar, durante atendimentos médicos de rotina e, principalmente, nas diferentes mídias do Ministério da Saúde. Dessa forma, os preconceitos são combatidos, especialmente com os portadores do HIV.
Não confunda HIV e Aids
A Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma doença que afeta milhares de indivíduos. Já o HIV diz respeito ao vírus. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença, a Aids, que, quando tratada, permite condições normais de vida à pessoa. Mas, importante: contra o HIV, proteja-se e faça o exame regularmente!
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde e do UNAIDS, 2,4 milhões de pessoas vivem com o HIV na América Latina e no Caribe; 81% delas foram diagnosticadas. Destas, 65% receberam tratamento e 60% tinham carga viral suprimida. Enquanto isso, as mortes por Aids caíram 27% desde 2010. A porcentagem de pessoas que vivem com HIV e que tiveram seu diagnóstico tardio caiu de 33%, em 2016, para 25%, no ano passado.