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A saúde mental ao longo da vida da mãe

28 de maio de 2025

A maternidade é composta por diversas fases, que podem trazer à tona emoções positivas ou negativas. Saiba como praticar o autocuidado durante cada período 

É quase unânime entre as mães: a maternidade é um desafio. Cada fase do desenvolvimento dos filhos tem suas peculiaridades e demandas, com impactos emocionais para a mãe, que, muitas vezes, tem uma trajetória silenciosa e solitária. As mães tentam fazer o melhor para os filhos. Mas, quem cuida de quem cuida? 

A saúde mental materna ainda é uma pauta negligenciada. Em uma sociedade que romantiza a maternidade e supõe equivocadamente que todas as mulheres nasceram com o “dom” de maternar, pouco se fala sobre os impactos profundos que esse papel e as cobranças sociais podem trazer. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada cinco mulheres sofrerá um episódio de transtorno mental durante a gestação ou até um ano após o parto.  

Fatores como a privação do sono dos primeiros anos da maternidade, as pressões sociais, as mudanças na relação – nos casos em que a mãe está inserida em um relacionamento afetivo -, a autocobrança e as transições na carreira profissional influenciam diretamente o bem-estar mental. “São muitas as cobranças da sociedade quanto ao papel da mãe, sendo que cada uma terá a sua vivência e seus dilemas. Cada experiência materna é única e deve ser ouvida e respeitada”, afirma a ginecologista da FUNDAFFEMG e responsável pelo curso do Casal Grávido, Dra. Daniela Espírito Santo. 

Os cuidados com a saúde mental não devem se restringir ao início da maternidade. Eles precisam ocorrer durante todas as fases. 

Puerpério: o início de uma jornada 

O puerpério engloba as primeiras seis semanas após o parto, quando há o retorno gradual do corpo da mulher às condições pré-gestacionais. É o momento em que a mulher está se descobrindo como mãe, ainda em processo de recuperação física e emocional. Um período em que há dúvidas, dores e hormônios em ebulição. 

E durante essa fase é possível que ocorra a depressão pós-parto, condição que atinge cerca de 25% das mães brasileiras, segundo a Fiocruz. “Essas mães se sentem sozinhas, confusas e com vergonha de admitir que não estão ‘felizes o tempo todo’. Mas, a verdade é que a maternidade precisa ser humana e está tudo bem em sentir as emoções”, ressalta Dra. Daniela. 

Aleitamento materno: conexão e dúvidas 

De acordo com o Ministério da Saúde, é recomendável que o aleitamento ocorra até os dois anos de idade e que, nos primeiros seis meses, o bebê receba apenas leite materno. O problema é que, muitas vezes, amamentar acaba sendo considerado como um indicativo de sucesso da maternidade e se torna uma pressão social. O que fazer se o aleitamento não dá certo, dói ou se torna um fardo? 

A frustração por não atender às expectativas da amamentação pode gerar ansiedade, estresse e tristeza. E os sentimentos negativos podem impactar nesse processo. “O estresse e a ansiedade podem reduzir os níveis de ocitocina, neurotransmissor relacionado ao humor e que interfere na amamentação, e de prolactina, hormônio que estimula a produção do leite materno”, afirma a ginecologista. 

Sempre é bom lembrar que não amamentar não é fracasso. O vínculo entre mãe e bebê vai além do leite. 

Infância: mil e uma tarefas 

Na medida que os filhos se desenvolvem e entram na infância, inúmeras tarefas, responsabilidades e aprendizados surgem. As mães se tornam pesquisadoras, nutricionistas, contadoras de histórias, médicas, psicólogas, professoras, entre outras funções ao mesmo tempo. 

No intenso cuidado com o outro, a mulher acaba deixando de lado o autocuidado. A sobrecarga constante é um alerta e o cansaço extremo não pode ser normalizado. 

Adolescência: a transição entre a infância e a fase adulta 

Com a chegada da adolescência, tudo muda na dinâmica entre mães e filhos. Antes o centro do mundo, a mãe agora se vê do lado de fora. As perguntas não são mais feitas a ela, os abraços ficam raros e os conselhos parecem ultrapassados. Ao mesmo tempo, a atenção é redobrada com temas sensíveis inerentes à vida de um ser humano em formação, como comportamento, caráter, sexualidade e influência dos amigos. 

Essa transição pode ser dolorosa e muitas mulheres vivem um luto emocional ao perceber que não são mais tão solicitadas com os cuidados básicos, além de ter novas e sérias preocupações. Entretanto, essa fase pode ser uma redescoberta da própria identidade. 

Fase adulta: a mãe que segue sendo mãe 

Mesmo quando os filhos se tornam adultos, a maternidade continua — silenciosa, atenta e presente. A mulher que foi tantas vezes o porto seguro agora se vê à margem das decisões. Mas o cuidado, o amor e as preocupações nunca acabam. 

E é nesse momento que muitas mães se perguntam: e agora, quem sou eu? Por isso, cuidar da saúde mental ao longo da vida é um ato de autonomia e de preservação da saúde. 

Como cuidar da saúde mental ao longo da maternidade? 

  • Dedicar momentos para descanso, silêncio e tempo para si; 
  • Entender que os sentimentos são legítimos. Tristeza, raiva, frustração e alegria existem e está tudo bem em senti-los; 
  • Buscar apoio profissional com psicólogo sempre quando possível. Ter um espaço seguro para falar e ser ouvida pode transformar tudo; 
  • Delegar tarefas e entender seus limites. Isso não é sinal de fraqueza, é coragem. 

O papel da rede de apoio 

A rede de apoio da mãe, composta por familiares, amigos, parceiros ou parceiras afetivas, é fundamental e pode ajudar da seguinte forma: 

  • Escutar a mãe com atenção e empatia; 
  • Fazer as tarefas domésticas e perguntar como pode ser útil no cuidado com os filhos; 
  • Não dar palpites sem ser solicitado; 
  • Cuidar do recém-nascido ou criança para que ela possa descansar ou fazer outra tarefa além de ser mãe; 
  • Incentivar o autocuidado; 
  • Respeitar o tempo e as decisões dela. 

Um convite ao cuidado contínuo 

No próximo dia 31, será realizada mais uma edição do Curso Casal Grávido, que tem como objetivo prestar apoio durante o período gestacional das famílias. Serão abordados os cuidados na gestação, os sinais de trabalho de parto e como proceder no pós-parto. 

O curso será realizado de forma presencial na sede da FUNDAFFEMG (Rua Sergipe, 893 – Savassi), das 8h às 12h. Para aqueles que não conseguirem comparecer, ele será transmitido ao vivo, por meio da plataforma Zoom. O link para participação on-line será enviado após a inscrição. 

Confirme a participação na Central de Atendimento, pelo (31) 2103-5858, ou por e-mail, com mensagem para fundaffemg@fundaffemg.com.br

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