Desde 1973, o Brasil possui o Programa Nacional de Imunização (PNI) para normatizar e contribuir com o controle e a erradicação de doenças transmissíveis. Assim como nos dias de hoje, o nosso país também já esteve exposto a outras pandemias e epidemias, que só foram controladas após o desenvolvimento de vacinas e a imunização em massa. Foi assim com a poliomielite, a rubéola congênita e o sarampo.
As vacinas previstas no Calendário Nacional de Imunização, que atende crianças, adolescentes, pessoas com mais de 60 anos, gestantes, trabalhadores e população indígena devem estar em dia. É preciso ainda ter atenção ao perigoso movimento antivacina, que traz o sério risco de que doenças já controladas retornem e se espalhem.
A FUNDAFFEMG conversou com o médico Infectologista do Hospital Felício Rocho Dr. Adelino de Melo Freire Júnior sobre a importância de manter o cartão sempre atualizado para evitar a manifestação de novas doenças, e as expectativas sobre a vacina contra a Covid-19.
Qual a importância de manter a vacinação em dia? Essa atitude tem influência sobre novas epidemias e pandemias?
Do ponto de vista individual, quando mantemos o cartão de vacinação em dia, garantimos a nossa proteção contra doenças imunopreveniveis – aquelas que temos condição de prevenir por meio de uma vacina. Ou seja, mantemos nosso sistema de defesa atualizado contra doenças que possam circular e nos acometer. Fazendo uma alusão, é como se estivéssemos atualizando o antivírus do computador. Quando ele está atualizado, estamos protegidos.
Algumas vacinas vão diminuindo o efeito com o passar do tempo, como a da gripe e a da meningite, e, quando atualizamos a imunização de acordo com o calendário, garantimos que o sistema imune esteja protegido contra elas.
Essa atitude ajuda na prevenção de novas pandemias. Temos o exemplo recente do sarampo, que voltou a circular mundo afora, inclusive no Brasil, devido à baixa vacinação. Com taxas altas de imunização, a doença chegaria ocasionalmente, mas não teria oportunidade de transmissão em massa.
Como contornar o problema da queda na vacinação?
Isso é complexo, pois inclui vários fatores. Um deles é a eficiência dos programas de vacinação. Podemos exemplificar usando novamente o sarampo. Como a doença já foi erradicada, muitos não sabem como ela foi grave e o grande impacto que trazia para a população.
As pessoas deixam de ter dimensão de como a vacina ajudou e supõem que ela não seja tão importante assim. Para contornar a questão, as informações de impacto precisam ser trazidas a público para que a população tenha conhecimento sobre a importância das vacinas em termos de saúde pública, e, assim, o controle seja restabelecido.
A disseminação de informações qualificadas e relevantes também é ferramenta para evitar a queda de vacinação, já que vivemos uma época em que as fake news e os grupos antivacina disseminam conteúdos inverídicos e sem teor cientifico com facilidade pelas redes sociais.
Onde a população pode se informar com segurança?
A dica é sempre buscar fontes de confiança e com parecer científico. Na dúvida, procure seu médico de confiança. A Sociedade Brasileira de Imunização possui um portal voltado para o público leigo, o https://familia.sbim.org.br/, com informações completas sobre todas as doenças e vacinas.
Além de ser de fácil consulta, todo o conteúdo é respaldado pela sociedade cientifica de imunização no Brasil. O Ministério da Saúde também possui uma página sobre vacinas e imunização.
O que a população pode esperar em relação à vacina para a Covid-19? Até quando os cuidados devem permanecer?
Podemos esperar uma vacina em breve, mas ainda não temos uma data. O cenário é animador, já que diversos países estão realizando as aprovações de urgência, e as imunizações já começaram ou estão prestes a começar. É possível dizer, com base nas publicações científicas, que teremos mais de uma opção de vacina segura e eficaz.
Ainda assim, os cuidados rotineiros contra a Covid-19 devem permanecer por um longo período: para que haja redução da disseminação da doença, precisaremos vacinar grande parte da população, um processo que pode ser demorado. Até alcançarmos taxas de imunização mais altas, as mesmas medidas recomendadas hoje deverão ser mantidas: distanciamento social, uso da máscara, higiene frequente das mãos.
Está com o cartão de vacina desatualizado? Vá até um posto de saúde para colocar tudo em dia, mas lembre-se de seguir todos os protocolos de segurança em relação à Covid-19.